Seres fantásticos

No outro dia fui à feira, não vou dizer a qual, porque até foi à de Espinho, e vim de lá a pensar «O que será que aquela turista holandesa me quis dizer com «you're so hot, please call me later?»», é que sinceramente, eu não percebi patavina do que ela quis dizer, e se por acaso souberem alguma coisa, digam-me, mandem-me um mail, arranjem-se, porque ela pode muito bem estar a precisar de ajuda, ok?.
Adiante, quem me conheçe, sabe que eu sou um rapaz que gosta de sossego, de sitios com ambiente, com poucas pessoas, as necessárias é claro, no fundo, sitios que sejam aconchegantes e confortáveis, ora, se há sitio onde eu não me devia meter era a feira de espinho, ainda pra mais em tempo de férias, onde chegam a Portugal 70 milhões de emigrantes vindos dos quatro cantos do mundo, mas, como que por magia, parece que se enfiam todos à segunda feira em Espinho, resultado: O caos em forma de camisas Dolce & Gabanna com peixe fresco.
Claro que feiras destas têem sempre aspectos positivos, para além das turistas em mini-saia, há também os encontrões com turistas de mini-saia, o roçar nas turistas de mini-saia e sobretudo a dualidade tropeçar/calcar turistas de mini-saia, mas atenção, isto não sou eu que sou um pervertido esfomeado, isto é fruto de andar civilizadamente com outras 500 pessoas no espaço de 50.
Como todos devem saber, o pior dia da feira de Espinho é a segunda, porque é nesse dia que há vendedores, vendedores esses que são pessoas como nós, mas, com um defeito extra, acham que o facto de uma pessoa estar a passar em frente ao seu estaminé é garantia de que estamos interessados num dos seus artigos, quem por lá ja passou sabe que é verdade, tanto é que ia eu a passar na zona do calçado e vira-se um senhor de 45 anos pra mim e diz « Então jovem, que número é que calça?», ou seja, pensando ele que ja temos o sapato dos nossos sonhos na mira e que tudo o que queremos é um vendedor prestável que nos vá buscar um parzinho em castanho, mas não, e eu respondi «Mas meu bom homem, eu ando à procura é de flores, tem rosas?» e ele responde-me «o que tu queres sei eu...pá», e eu estupidamente insisto, nao percebendo a tremenda chance que tinha de me poder ver livre daquele homem sem ser mal-educado, « a sério, vi ali uma holandesa mesmo linda...» altura em que sou interrompido por causa de uma turista de mini-saia que tropeça em mim, ajudo-a a levantar-se, sacudo-lhe a areia da saia e da camisola e coninua o homem «o shôr se quer flores é ali pra cima, agora esta sandália...» o que se ha-de fazer?, é mais forte do que eles.
Uma coisa que também salta à vista naquela feira, ou melhor, ao ouvido, são aqueles vendedores, que, pensando que não falam o alto suficiente, usam um bruto megafone que debita prai uns 1200 W de potência, o que é mesmo muito alto.
Aquilo a principio ainda funciona, porque as pessoas que moram na Granja e em Silvalde ficam a saber quanto custa os 12 pares de meias, e até se deslocam até à feira para dar uma vista de olhos, o pior é depois, como o vendedor grita tão alto, e o megafone amplifica tão bem, ninguem se consegue aproximar da banca das meias, é ver as pessoas a tentar desesperadamente aproximarem-se, mas simplesmente não conseguem, até que, depois de estar aberta uma clareira à volta daquele vendedor de meias, eis que por milagre, ele tropeça num turista de mini-saia, o megafone cai ao chão, as pessoas são libertadas do feitiço e começam a correr desalmadamente em direcção aquele monte de meias, gerando a maior anarquia que eu ja vi, superando até, a época de saldos na Zara.
Agora devem-se estar a perguntar «Mas que raios, então como é que a turista de mini-saia se chegou à beira do vendedor?» e eu digo-vos, seres fantásticos que elas são.